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Um dos desafios dos professores está em conjecturar, por um lado, os conteúdos das aulas de Educação Física e, de outro, aquilo que os estudantes trazem como experiência, como algo já vivido. Trata-se este de um problema pedagógico crucial para a Educação Física na sua condição de disciplina escolar; qual seja, a lacuna existente entre o planejamento do conteúdo pelos docentes e as perspectivas dos estudantes. Nesse cenário, os jovens nascidos entre os anos de 1990 até 2010 são denominados de Geração Z, conhecida como nativa digital. Prensky (2001) utilizou essa definição no início do século XXI referindo-se àqueles que nasceram e cresceram em uma cultura digital e por esse motivo teriam condições de utilizar inúmeras vias de informação e usar intuitivamente as ferramentas digitais. Como as últimas gerações foram sidas muito expostas às ferramentas digitais e absorvem ou lidam com o conteúdo tecnológico com certa familiaridade, faz-se necessário considerar o que os estudantes trazem como experiência em suas realidades e vivências. Contudo, essa proximidade maior com as tecnologias não indica que os jovens expostos desde cedo à tecnologia tenham a habilidade única de realizar várias tarefas ao mesmo tempo diferente das gerações passadas, mas chama a atenção para ficarmos atentos que os considerados nativos digitais também podem absorver as informações passivamente e/ou sem criticidade.

É importante notar que o acesso ao ciberespaço ou mundo digital recebe uma conotação diferente quando o estudante é contextualizado. Por exemplo, jovens que vivem no campo, jovens com baixa renda familiar, jovens que exercem trabalhos braçais em condições insalubres, jovens que moram em periferias apresentam condições desfavoráveis ao acesso a internet, celulares e computadores, o que limita também o acesso à informação e ao conhecimento tão necessário a formação integral da pessoa humana. Contudo, dar oportunidade de acesso ao conhecimento e, mais do que isso, orientar e possibilitar vivências enriquecedoras aos estudantes na própria escola é uma das saídas para a democratização do ensino.

Por conseguinte, os conteúdos escolares atrelados às novas tecnologias podem enriquecer os processos de aprendizagem, pois estamos em uma época em que é preciso complementar os processos mais sistemáticos de ensino com a inserção de novas possibilidades, principalmente com o afastamento entre as pessoas provocado pela pandemia do Coronavírus. Por conseguinte, o problema de pesquisa desenha-se considerando a hipótese de que ignorar as perspectivas, anseios e necessidades dos estudantes como ponto de partida nos processos de ensino e aprendizagem impossibilita uma aprendizagem criativa (ANTUNES, 2020). Tal premissa está atrelada ao fato de que os estudantes precisam mobilizar-se para aprender, pois se não há mobilização não há ingresso na significação, o que é imprescindível para que haja aprendizagem.

Nesse sentido, há uma preocupação permanente em relação ao “O que ensinar?”, ou seja, os conteúdos escolares. Não obstante a isso, outros elementos permeiam e interagem de forma complexa nos processos de ensino e aprendizagem, no currículo, no projeto político-pedagógico de cada escola e no planejamento de ensino. Tais elementos são: porquê (finalidade gerais e objetivos específicos); como (estratégias de ensino); quando (alocação e distribuição do tempo de aprendizagem) e para quem (os sujeitos da aprendizagem). (BETTI, 2020). Sendo assim, propõem-se a criação de um portal de Educação Física no qual professores de Educação Física e estudantes do Ensino Médio encontrem informações sobre a prática de temas importantes e diversificados da Educação Física da Escola, como: Rugby, Flagbol, Beisebol, Jiu Jítsu, Slack Line e Esgrima. Os conteúdos e metodologias serão direcionados para o uso em ambiente escolar.

Busca-se com o portal democratizar o conhecimento com referencial teórico sobre a cultura corporal e a prática consciente e engajada com a transformação do País. O portal contará também com um recurso chamado "O que você quer aprender na escola sobre Educação Física?". Tal recurso busca considerar as perspectivas e anseios dos estudantes como algo primordial nos processos de ensino e aprendizagem; e dessa forma equilibrar os conteúdos escolares da Educação Física presentes na cultura corporal de movimento com as realidades e necessidades dos estudantes.